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O agricultor Luciano Braga diz que sua família desrespeitava a terra: desmatava e queimava. Há seis anos, ele começou a usar o trator e a produtividade aumento. “A diferença que a gente sente é que na queimada, além de estar poluindo e contribuindo para o aquecimento do planeta, perde muito nutriente. Com a área triturada a gente tem toda a matéria em cima da terra, não perde nada e com o passar do tempo a terra vai ficando cada vez mais forte”, diz o agricultor.
Uma outra arma para combater o desmatamento está no espaço. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e a ONG Imazon utilizam satélites para observar toda a floresta. Eles não estão ao alcance dos olhos de quem destrói a mata, mas revelam onde estão os desmatamentos, que aparecem nas imagens gravadas pelos computadores.
Os principais alvos são Pará, Mato grosso e Rondônia, onde há mais destruição da floresta. O governo federal fez um levantamento dos principais desmatadores, e o Ministério do Meio Ambiente ajuda os municípios que desejam sair da "lista suja".
O primeiro município que saiu da lista foi Paragominas, no Pará. Em 2009, o Brasil assumiu o compromisso na Conferencia da ONU sobre o Clima de reduzir o desmatamento ilegal em 80% até 2020.
Para cumprir a meta, além da tecnologia de satélite, o governo restringe o crédito para agricultores que não respeitam as leis ambientais. Em São Félix do Xingu (PA), foi criado um Cadastro Ambiental Rural - o CAR - um registro que identifica propriedades onde não se destroi a natureza.
Em um ano, o número de cadastros em São Félix passou de apenas 17 para 2.600. O município tem cerca de 6 mil fazendas. Com a ajuda da ONG TNC Brasil,que tem uma parceria com o governo estadual, o fazendeiro Pedro Rodrigues Vieira aprendeu a criar o gado sem destruir a mata.
“Esse terreno aqui está sendo preparado pra virar uma área de pasto que o pessoal da fazenda chama de piquete. O gado circula por vários desses piquetes onde a terra é sempre reciclada e esse processo é que evita o desmatamento da floresta na busca de novos pastos”, explica.
O sindicato dos produtores rurais local acha que o CAR é vantajoso e tenta convencer todos os fazendeiros a aderir. Ambientalistas dizem que as novas políticas e a tecnologia controlaram o ritmo do desmatamento, mas não acabaram com ele. A bola está agora com o Congresso Nacional que está discutindo a reforma do Código Florestal. O novo texto deve mudar as regras sobre quais áreas o agronegócio pode ou não desmatar. Enquanto a decisão não sai, muitos cientistas torcem para deputados e senadores não esquecerem que a atividade econômica sustentável é tão importante quanto a beleza da floresta viva.
“A floresta é um excelente negócio e será ainda no futuro. Isso porque num mundo aquecido, aquele que mantiver preservadas suas florestas vai ter um patrimônio de valor inestimável para a manutenção do equilíbrio climático não só regional, mas também global”, diz Paulo Moutinho do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).