Parque Ecológico reproduz mico-leão que chegou a ser considerado extinto

04/02/2013 04:16

 

Espaço em São Carlos, SP, se dedica há anos à preservação das espécies.
Ambiente abriga cerca de 800 animais de regiões do Brasil e do mundo.

 

Filhote de mico-leão-preto é o novo morador no Parque Municipal de São Carlos (Foto: Pérsio Ronaldo dos Santos)Filhote de mico-leão-preto é o novo morador do Parque de São Carlos (Foto: Pérsio Ronaldo dos Santos)

Um mico-leão-preto, nascido em janeiro no Parque Ecológico Municipal de São Carlos (SP), é mais uma tentativa de preservar a espécie que chegou a ser considerada extinta no início do século passado. O animal integra o projeto de reprodução desenvolvido no local, que há mais de 30 anos se dedica à preservação das espécies em extinção.

O novo morador do parque tem 20 centímetros (contando o rabo), 50 gramas e vive com o pai, a mãe e o irmão. Primo do conhecido mico-leão-dourado, o mico-leão-preto tem o mesmo porte do parente, mas possui a pelagem toda negra com algumas manchas douradas.

Irara, animal encontrado do México à Argentina (Foto: Fabio Rodrigues/G1)

Atualmente, há poucos da espécie mantidos em cativeiro. Ao menos 50 estão no Brasil e outros 40 fora do país. Em São Carlos, seis vivem no parque (dois casais, um deles com dois filhotes), segundo o coordenador do local, Fernando Magnani.

Irara, mamífero encontrado na região do México
à Argentina (Foto: Fabio Rodrigues/G1)

De acordo com ele, o principal problema é que eles estão com uma alta taxa de consanguinidade. “Os animais são demais parentes e isso está forçando a população a um decréscimo. Precisaria que entrassem mais fundadores numa colônia, animais completamente diferentes, para dar uma variada na genética para que o potencial reprodutivo melhorasse”, explicou.

Magnani reforçou que a situação é bem complicada. “Se não houver um esforço muito grande da conservação, o mico-leão-preto é um sério candidato a desaparecer nas próximas décadas”, alertou.

Preservação
Fundado há 35 anos, o parque trabalha somente com a fauna sul-americana, em especial, a brasileira. “Essa opção foi feita há mais de 20 anos justamente para poder concentrar os trabalhos e com isso ter um pouco mais de resultados no que diz respeito à conservação, educação e demais itens que a gente tem interesse de oferecer à população”, explicou Magnani.

Segundo ele, o projeto de reprodução é desenvolvido desde o início de funcionamento do
parque. As ferramentas, entretanto, foram aperfeiçoadas não só na cidade, mas também
em todos os zoológicos do país.

O planejamento de reprodução é feito por meio de grupos de trabalhos que ditam as normas
a um comitê sobre a situação dos animais e apontam se há ou não necessidade de reprodução.

“Algumas espécies não têm esse tipo de comitê, então isso é feito de uma maneira
informal em contato entre os zoológicos. Os profissionais sabem quais são os animais
que estão em excedente e o que estão com as populações em decréscimo”, relatou Magnani.

Onça-pintada Boomer vive no parque há dez anos (Foto: Fabio Rodrigues/G1)Onça-pintada Boomer vive há dez anos no Parque Nacional de São Carlos (Foto: Fabio Rodrigues/G1)

Trabalho a longo prazo
De acordo com o coordenador do parque, existem animais que se reproduzem muito bem
no local, porém, há outros em que o processo é lento. Ele citou como exemplo a maioria
dos répteis, como serpentes e lagartos, que demora para conseguir acertar o casal e o ambiente adequado a eles.

“Um trabalho pode demorar até dez anos para conseguir um retorno e outros não. A iguana não é um animal ameaçado, mas nós demoramos sete anos para começar a reproduzir. Com as aves menores, em um ou dois anos já conseguimos algum resultado”.

Tucano é uma das aves que habitam o Parque Ecológico Municipal (Foto: Fabio Rodrigues/G1)Tucano é uma das aves que habitam o Parque
Ecológico Municipal (Foto: Fabio Rodrigues/G1)

100 espécies
O Parque Ecológico recebe animais de zoológicos de todo o país. No local há
cerca de 100 espécies e 800 animais, como cisne, guanaco, lhamas, alpaca, condor,
pinguins, ursos, onças, jaguatirica, entre outras.

Atualmente, o parque trabalha na reformatação dos ambientes. “Estamos tentando oferecer os animais aos visitantes por bioma. A patagônia e o cerrado estão prontos. Agora vamos tentar investir na mata atlântica”, disse o coordenador.

Pérsio Ronaldo dos Santos, coordenador do programa de educação ambiental no parque,
explicou que a ideia é mostrar o animal como se ele estivesse no ambiente natural dele.

Os recintos onde os bichos ficam possuem placas de identificação que fornecem o
nome popular do animal (também em inglês), o nome científico, foto, curiosidade sobre a
espécie e área de destaque.

Além da visitação, o local atende mais de 10 mil alunos por ano em diversos cursos e
atividades que incentivam a prática da conservação da natureza.

Serviço
Parque Ecológico Municipal de São Carlos
Local: Estrada Municipal Guilherme Scatena, km 2, ao lado da Universidade Federal de
São Carlos (UFSCar)
Horário: De terça a sábado, das 8h às 16h30; domingos, das 8h às 17h30. Informações
            (16) 3361-4456      
Valor: grátis

Filhotes de urso-de-óculos são uma das atrações do parque (Foto: Fabio Rodrigues/G1)Filhotes da família de urso-de-óculos são algumas das atrações no parque (Foto: Fabio Rodrigues/G1)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2013/02/parque-ecologico-reproduz-mico-leao-que-chegou-ser-considerado-extinto.html